quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fórro tradicional resiste

Salvador é uma cidade de muitos ritmos musicais, o axé é o que mais se destaca durante a maior parte do ano. Em Junho essas bandas de axé são deixadas um pouco de lado e as portas se abrem para o forró. Bandas como: Mastruz com Leite, Estakazero, Calcinha Preta e Aviões do Forró, são atrações bastante consagradas e por sua vez, serão atração principal nos melhores arraiais do estado. Porém, ao contrário do que acontece no carnaval, que é concentrado apenas na capital, no São João as melhores festas estão no interior. Centenas de cidades baianas promovem vários dias de festa, o que favorece o surgimento de muitos grupos, que tocam variados estilos de forró. Luiz Gonzaga, foi o precursor do baião, ritmo que ao lado de outros como xote, xaxado e côco, fazem parte do chamado forró. Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como é o caso de Dominguinhos, Sivuca, Trio Nordestino, Genival Lacerda e etc.

Apesar do surgimento de tantas bandas, principalmente na capital baiana, poucas são reconhecidas e lembradas na composição dos grandes eventos de São João. Outras ainda deixarão de tocar ao final dos festejos. Mesmo assim, neste período são muitas as oportunidades de trabalho para bandas de forró iniciantes. Mesmo contra a ditadura do Axé Music que apesar de não ter nada a ver com o estilo junino, toma o espaço que poderia ser ocupado por pequenos grupos de forró, em eventos particulares em cidades do interior.

Muitas dessas bandas não conseguem resistir. É o caso da banda Forró Mulambo, “tocávamos por todo o Brasil. Mas não conseguimos chegar onde queríamos, o sonho era poder viver da musica, só que no forró não se paga muito bem, então os donos das casas noturnas preferem as bandas de pagode, por serem mais populares e mais baratas. Nossa banda perdeu espaço e acabou se desfazendo”, disse Xan Moreira, ex-vocalista da banda.

Os menos fiéis mudam de estilo, é o caso da banda Forró Massapê, conhecida por tocar um forró mais tradicional, estilo Luiz Gonzaga, teve que se render ao mercado, para tornar seu som mais comercial. “Quando você é uma banda de marca "pequena" não é respeitado, portanto, tem que se sujeitar aos vícios do mercado para que possa crescer e mostrar o seu valor”, contou o vocalista da banda, Gustavo Sergio. Já os mais saudosistas, guardam seus instrumentos na esperança de voltar a tocar forró, e finalmente serem contratadas por alguma casa de show especializada em forró. É o caso do Coliseu, espaço localizado na Avenida Octavio Mangabeira, bairro de Piatã, em Salvador. No Coliseu, tem forró durante todo o ano, e é bastante freqüentado pelos amantes do ritmo.

Mozzar é vocalista de Banda Brinquedo de Menina, segundo ele, conseguir espaço fora do período junino é complicado demais. Mas no São João esta realidade muda de “figura”, a banda tem shows marcados para todo o mês de junho, em Feira de Santana e em algumas cidades do interior como: Caldas do Jorro, Araci e Euclides da Cunha. “pena que na Bahia não temos tanta visibilidade quanto às bandas de axé, mas sempre acreditamos em nosso trabalho e temos resistido a essa ditadura há quase 6 anos” disse Mozzar.

Geomagna Santana é recém formada em produção de eventos, seu trabalho de conclusão de curso foi a produção de um show de forró, “foi muito boa e assustadora ao mesmo tempo, a experiência de produzir um show com uma banda desconhecida. No início achávamos que não ia ter ninguém, até a hora do evento ainda pensávamos isso. A banda começou a tocar e ficamos desesperados, porque de 635 ingressos, só tínhamos vendido 220, mas como a casa já tem seu publico fiel logo o espaço ficou lotado, graças a Deus,” disse Geomagna.

O mês de junho é bastante propício para pequenas bandas ganharem dinheiro, e quem sabe até conseguir alcançar a tão sonhada fama. Toda banda pequena quer ser reconhecida um dia, aparecer na TV e fazer muitos shows pelo Brasil a fora. Para isso é preciso ter talento e muita força de vontade, porque o caminho é cheio de espinhos e muitos param diante do primeiro desafio.

Por Janaína Lima e Francisco Reis

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